Notemos como é claro e evidente serem o primeiro céu e a primavera
terra a Lei anterior. Pois diz que o primeiro céu e a primeira terra se
foram, e não existe mais o mar. Isto é, a terra é o lugar do juízo e,
nesta terra do juízo, não há mar, o que significa que os ensinamentos e a
Lei de Deus se espalharão completamente sobre a terra e todos os homens
entrarão na Causa de Deus, e o mundo inteiro será habitado por aqueles
que crêem, não mais havendo mar porque a morada do homem é a terra
firme. Em outras palavras, neste tempo, o campo da Lei será para o
prazer do homem. Tal terra é sólida – nela os pés não escorregam.
A Lei de Deus é descrita também como a Cidade Santa, a Nova
Jerusalém. Evidentemente, a Nova Jerusalém que desce do céu não é cidade
de pedra, argamassa, tijolos, terra e madeira. É a Lei de Deus que
desce do céu e é chamada nova, pois é claro não ser a Jerusalém de pedra
e terra a que desce do céu e é renovada. O que se renova é a Lei de
Deus.
Compara-se a Lei de Deus também a uma esposa ataviada, que aparece
com os mais belos adornos, como está escrito no capítulo 21 do
Apocalipse de S. João: “E eu, João, via Cidade Santa, a Jerusalém nova,
que da parte de Deus descia do céu, adornada como uma esposa ataviada
para seu esposo”. E no capítulo 12, versículo 1, se lê: “E apareceu uma
grande maravilha no céu: uma mulher vestida do sol, que tinha a lua
debaixo de seus pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça”. Esta
mulher é aquela esposa, a Lei de Deus que desceu sobre Maomé. O sol que
era sua vestimenta e a lua debaixo de seus pés, são as duas nações
abrigadas à sombra desta Lei – os reinos da Pérsia e da Turquia, pois o
emblema da Pérsia é o sol, e o da Turquia a lua crescente. Assim o sol e
a lua são os emblemas de dois reinos sob o domínio da Lei de Deus. E
depois diz: “Sobre sua cabeça está uma coroa de doze estrelas”. Essas
doze estrelas são os doze Imames que promoveram a Lei de Maomé e
educaram o povo, brilhando como estrelas no céu da orientação.
Diz então o segundo versículo: “E estando prenhada, clamava com dores
de parto”, o que significa que esta Lei caiu nas maiores dificuldades,
sofrendo severas tribulações e angústias até trazer à luz uma progênie
perfeita, isto é, o Manifestante que viria, o Prometido, ou seja a
progênie, criada no regaço desta Lei, a qual é como sua mãe. A criança
aqui mencionada é o Báb, o Primeiro Ponto, que de fato nasceu da Lei de
Maomé. Isto é, a Santa Realidade, que é o filho, o fruto, da Lei de
Deus, sua mãe, e é prometida por essa religião, vem a existir no reino
dessa Lei, mas por causa do despotismo do dragão, o filho foi arrebatado
para Deus. Após mil duzentos e sessenta dias, o dragão foi destruído, e
o filho da Lei de Deus, o Prometido, manifestou-se.
Versículos 3 e 4: “E apareceu uma grande maravilha no céu, e eis aqui
um grande dragão vermelho, que tinha sete cabeças e dez cornos, e nas
suas cabeças sete diademas. E a causa dele arrastava a terça parte das
estrelas do céu, e as fez cair sobre a terra”. Estes sinais fazem alusão
à dinastia dos Umayyads, que dominaram a religião maometana. Sete
cabeças e sete diademas significam sete países e domínios sobre os quais
os Bani-Umayya tinham poder: a saber, o domínio romano em volta de
Damasco, e os domínios da Pérsia, da Arábia e do Egito, juntamente com o
domínio da África – isto é, Tunísia, Marrocos e Algéria, o domínio da
Andalusia, o qual é agora Espanha e o domínio do Turquestão e da
Transoxânia. Os Bani-Umayya tinham poder sobre estes países. Os dez
cornos referem-se aos nomes dos dez regentes de Umayyad: isto é, sem
repetição, houve dez nomes de regentes, ou de comandantes e chefes,
sendo o primeiro Abu Sufian e o último Marwan, mas há mais de um com o
mesmo nome. Assim, há dois Mu´awia, três Yazid, dois Walid e dois
Marwan. Se, porém, os nomes fossem contados sem repetição, haveria dez.
Os Bani-Umayya, o primeiro dos quais foi Abu Sufian, Amir de Meca e
chefe da dinastia dos Umayyads, e o último dos quais foi Marwan,
destruíram a terça parte do povo santo da linhagem de Maomé, que se
assemelhava às estrelas do céu.
Versículo 4: “E o dragão parou diante da mulher que estava para
partir, a fim de tragar o seu filho logo que ela o tivesse dado à luz”.
Como já explicamos, esta mulher é a Lei de Deus. O dragão estava perto
da mulher para devorar seu filho, o qual era o prometido Manifestante,
fruto da Lei de Maomé. Os Bani-Umayya sempre esperavam apoderar-se do
Prometido, que viria da linhagem de Maomé, a fim de destruí-Lo e
exterminá-Lo, pois muito receavam eles o aparecimento do prometido
Manifestante, e tentavam matar qualquer um dos descendentes de Maomé que
fosse muito estimado.
Versículo 5: “E pariu um filho varão, que havia de reger todas as
gentes com vara de ferro”. Este grande filho é o prometido Manifestante
nascido da Lei de Deus e nutrido no regaço dos ensinamentos divinos. A
vara de ferro é símbolo de poder e grandeza, e não uma espada – que
significa que ele, com o poder divino, será o pastor de todas as nações
da terra. Este filho refere-se ao Báb.
Versículo 5: “E seu filho foi arrebatado para Deus e para Seu trono”.
É uma profecia a respeito do Báb, que ascendeu para o reino celestial,
para o Trono de Deus e o centro de Seu Reino. Consideremos como tudo
isso corresponde aos acontecimentos.
Versículo 6: “E a mulher fugiu para o deserto”: isto é, a Lei de Deus
fugiu para o deserto – o vasto deserto de Hijaz, e a Península Árabe;
“onde tinha um retiro que Deus lhe havia preparado”; a Península Árabe
veio a ser a habitação e o centro da Lei de Deus; “para que lá a
sustentassem por mil e duzentos e sessenta dias”. Na terminologia do
Livro Sagrado, estes mil e duzentos e sessenta dias significam os mil e
duzentos e sessenta anos em que a Lei de Deus estava estabelecida no
deserto da Arábia, no grande deserto. Daí veio o Prometido. Após mil e
duzentos e sessenta anos, deixará essa Lei de exercer sua influência,
pois o fruto da Árvore terá aparecido – o resultado se terá tornado
manifesto.
Consideremos como os profetas estão de acordo. No Apocalipse, o tempo
marcado para o aparecimento do Prometido é após quarenta e dois meses,
enquanto Daniel o assinala como três tempos e meio, o que também
significa quarenta e dois meses, ou sejam mil duzentos e sessenta dias.
Em outra passagem do Apocalipse de S. João, se refere a isto claramente
como mil e duzentos e sessenta dias, e o Livro Sagrado diz ser cada dia
um ano. Nada poderia ser mais claro do que esta harmonia entre as
profecias. O Báb apareceu no ano de 1260 após a Héjira de Maomé, o que
marca o começo da era islamítica, segundo o cálculo universal. Não
existem nos Livros Sagrados provas mais claras que estas para qualquer
Manifestante. Para quem é justo, a prova mais concludente está no fato
de estarem aqueles grandes Seres de pleno acordo a respeito do tempo.
Não é possível outra qualquer interpretação dessas profecias.
Bem-aventuradas as almas justas que buscam a verdade. Onde não há
justiça, porém, verificam-se ataques, disputas e aberta refutação da
evidência. Assim os fariseus, ao manifestar-se Cristo, refutaram com a
maior obstinação Suas explicações e as de Seus discípulos,
obscurecendo-Lhe a Causa aos olhos do povo ignorante com sua alegação de
não se referirem essas profecias a Jesus mas, sim, ao Prometido que
deveria vir mais tarde, segundo as condições mencionadas na Bíblia.
Algumas destas condições foram: “Ele deveria ter um reino, estar sentado
no trono de David, executar a Lei da Bíblia, e manifestar tamanha
justiça que o lobo e o cordeiro se juntassem na mesma fonte.
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